Como o basquete ficou tão popular?

Os Estados Unidos tinham até o começo da década de 80 três grandes redes de televisão. Em uma delas havia o basquete e em outra o futebol americano. O basquete era na ocasião o quarto esporte mais assistido, perdendo para beisebol, futebol americano e sua versão universitária. As redes deixavam o basquete sem jogos ao vivo em muitas ocasiões, porque a audiência não compensava. A final da NBA de 80 é considerado por muito a maior atuação individual de um jogador. E não passou ao vivo. Porém, o surgimento da TV a cabo permitiu que mais esportes passassem e por mais tempo. 

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Antetokoumpo, Kawhi, LeBron
James Harden (o barba), Doncic, Embiid e Curry.

Nada disso adiantaria se não houvessem bons jogos passando. Talvez até piorasse a situação. Mas em 1980 Larry Bird e Magic Jhonson estavam em seus primeiros anos. Até 1989 eles estiveram em todas as finais da década, além de três jogos entre eles. Magic era carismático e tinha um jogo tido como muito bonito. Era uma personalidade facilmente gostável, como é para os brasileiros Ronaldinho Gaúcho. Com a vantagem de nunca ter se envolvido em polêmicas enquanto jogava. Bird era mais alto que a média, como quase todos os jogadores de basquete, mas fisicamente não tinha outro ponto que se destacasse. Não corria bem, pulava mal, tinha resistência física média. Mas arremessava muito bem, tinha grande visão de jogo e encaixava muito bem com qualquer jogador que estivesse disponível. E era branco e do interior. Muito fácil para o público se identificar com ele. Nos Estados Unidos quase 90% da população é branca. 

As redes de TV a cabo logo se expandiram para outros países, incluindo canais de esportes. A NBA vendia barato os jogos a princípio. Queria fazer propaganda. E vendia em vários formatos. Compactos, melhores momentos, jogadas da semana, apenas as finais. O basquete já era muito praticado ao redor do mundo, ao contrário do futebol americano. Então perceberam facilmente que era muito mais fácil vencer a concorrência com outros esportes americanos com sua expansão do que brigando pela audiência doméstica. Por isso que já na década de 80 os jogos passavam no Brasil, em rede aberta. 

Michael Jordan estreia em 1984. E já chegou mostrando todo seu talento, sendo o melhor jogador do seu time e escolhido para o jogo das estrelas. Foi bicampeão do campeonato de enterradas e já em seu segundo ano fez 63 pontos em um jogo, contra os campeões do ano anterior. Um adversário disse que era Deus disfarçado de Michael Jordan.Mas o melhor ainda estava por vir.

Em 1988 o Comitê Olímpico Internacional libera jogadores profissionais para irem às Olimpíadas. E os americanos decidem enviar o que tem de melhor. Bird, Jordan e Magic foram. Em todas as listas dos melhores jogadores que já houve eles estão entre os sete melhores. Jordan já era considerado o melhor de todos os tempos em 92, ano dos jogos de Barcelona. O time foi chamado de Dream Team e ainda é chamado de melhor de todos os esportes coletivos.Seria o equivalente no futebol a ter no mesmo time Pelé, Messi, Maradona, Cristiano Ronaldo, Beckenbauer e Cruyff ao mesmo tempo, com apenas um sem estar no auge de sua carreira. A oportunidade de mostrar o que eles eram capazes foi completamente aproveitada. Todos os jogos foram facéis para eles, com mais de 40 pontos de diferença média. Eles eram os maiores astros da maior reunião de atletas do mundo. Quem não iria querer ver isso?

E por que a NBA ainda é o mais forte campeonato do mundo? Dinheiro, tradição e competitividade. Em 20 anos apenas um décimo dos times não estiveram entre os oito melhores do campeonato. Os Estados Unidos perderam apenas três edições das Olimpíadas desde 1936. Em 72, em um jogo considerado o assalto do século no basquete. Em 88 e em 2004. Eles são muito melhores no basquete do que o Brasil jamais foi no futebol. E dinheiro. Nenhum campeonato de nenhum esporte no mundo dá um salário médio tão alto para os seus jogadores. Vermos sempre os melhores lá faz com que queiramos continuar vendo.