E se Ayrton Senna não tivesse morrido?


A primeira dúvida que se tem com isso geralmente é quantos títulos ele teria. Mas há mais, por exemplo, em que condições ele sairia do acidente? E como a Fórmula Um como um todo seria diferente?

Uma das poucas certezas sobre o acidente de Senna é que ele não voltaria no mesmo ano. Michael Schumacher teve cinco anos depois um acidente menos grave e não voltou tão cedo, mesmo com carros mais seguros e melhorias na medicina. Muitos médicos dizem que se não tivesse morrido ele seria incapaz de ser piloto outra vez, por conta de possíveis danos cerebrais causados pela batida. Se ocorresse isso, a situação dele evidentemente seria a mesma com relação a Fórmula Um. E provavelmente não haveria mudanças com relação a segurança. Houve outra morte no mesmo final de semana, mas a situação só mudou mesmo após um acidente gravíssimo no ano seguinte, pela McLaren. Com a morte de Senna houve várias mudanças com relação às regras de segurança. u. Mas, e se o acidente nunca tivesse ocorrido?

A pressão por mudanças na segurança não teria ocorrido, e provavelmente Mika Häkkinen teria sofrido um acidente fatal em 1995. Ele ficou em quarto lugar em 1994, era o piloto número um da McLaren e com esse acidente haveria a pressão para melhoria da segurança dos pilotos. O maior rival de Michael Schumacher não estaria disponível, que teria como seu maior rival o próprio Ayrton Senna.

Reginaldo Leme sugere que Ayrton seria campeão em 94,96,97,98 e 99, um total de oito títulos, sendo então o maior vencedor de todos os tempos. Porém, ele provavelmente não venceria em 94, mesmo se o acidente não tivesse ocorrido, por dois motivos.

Primeiramente, o carro da Williams não era tão bom quanto nos anos anteriores, ao ponto de Senna dizer que era impossível de ser guiado. A própria Williams fez um segundo carro para terminar a temporada, o que é certo uma confirmação de terem feito um mau carro. Se Ayrton estivesse vivo o problema pareceria menor e talvez a a equipe dedicasse mais esforços ao modelo de 95, em vez de lançar outro modelo ainda em 94. Mas, mesmo se isso não ocorresse, ainda haveria uma questão, Schumacher e Benetton.

Schumacher venceu as três primeiras corridas de 94 e já teria 30 pontos de vantagem pra Ayrton. É verdade que ganhou o campeonato por só um ponto a frente de Damon Hill, que é infinitamente inferior ao Senna, mas há mais questões a se ver. A vantagem para Damon Hill era de 23 pontos, e Schumacher foi suspenso por duas corridas. Essa punição foi dada para minimizar a grande vantagem que tinha, já que o interesse do público estava muito menor naquele ano. Com Ayrton Senna disputando o campeonato não haveria nem esse problema, nem essa punição. A Williams tem um histórico de preferir vencer o campeonato de construtores ao de pilotos. Não haveria pressão alguma para se favorecer Senna numa possível disputa de títulos. Outro ponto, Senna tinha uma suspensão de duas corridas quando morreu, a serem cumpridas no segundo semestre de 1994. Não teria o caminho tão facilitado quanto Hill teve. Mesmo que Schumacher tivesse a punição, empataria com Ayrton em corridas parado. 

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Williams 94 Fonte da foto: https://br.wheelsage.org/williams/fw16/1994/pictures/367747/

Em 1995 Schumacher foi imbatível. Carro muito inferior ao da Williams e motor igual. Mas, a dupla de pilotos era muito inferior. Senna provavelmente teria sido campeão no ponto de vista de quase todos. O livro, "E se Ayrton Senna não tivesse morrido?" faz uma análise corrida por corrida desse ano e considera que Senna venceria por uma margem de pontos pequena, porém há controvérsias. Por exemplo, ele não considerou que haveria abandonos por erro de pilotagem, o que ocorreu em quase todos os anos pelo menos uma vez com Ayrton. As Williams também estavam melhor que em 94. Então, pulamos as controvérsias, Senna vence em 95. Vamos para 1996. Nesse ano Schumacher foi para a Ferrari, e seria o fim de contrato de Senna com a Williams.

Definir o que ocorreria a partir de 96 é a grande dificuldade, por haver muitas variáveis. Schumacher foi à Ferrari com toda a equipe técnica da Benetton, que sem os dois não teve uma grande temporada. Ayrton Senna já disse em algumas ocasiões que gostaria de se aposentar pela Ferrari. Se trocasse de equipe não ganharia nenhum outro título . Foi o fato de estar indisponível que causou o acerto de Schumacher. As bases de seu contrato foram utilizadas pelo alemão. A Ferrari equipe não conseguiu o título até 1999 (no campeonato de construtores). A McLaren já era uma equipe pronta quando foi para lá, a Williams também. Ayrton também não poderia levar engenheiros para a Itália, o que Schumacher fez. Mas, apesar de ser um velocista superior a todos os outros da Fórmula Um, como seu recorde de percentual de poles mostra, não era o melhor construtor de carros. A Ferrari precisava muito disso na época e o Alemão era muito superior nesse ponto. Também Senna estava com 36 anos e em média sua geração se aposentou aos 38, já com decadência. Em 92 Ayrton já ficou atrás dele no campeonato, que foi o primeiro completo de Schumacher. Reflexos e resistência física pesa mesmo em esportes a motor.

Se Schumacher ficasse na Benetton e Senna fosse pra Ferrari, nada de campeonato pro brasileiro. Talvez o alemão vencesse, em vez de Damon Hill. Mas é extremamente difícil de sabermos. Alesi ficou em quarto no campeonato, atrás de Schumacher e da dupla da Williams. A Benetton fez só dois pontos a menos que a Ferrari. Ao menos Hill não venceria tão fácil. Mas poderia acontecer algo diferente. Frank Williams não é bobo. Ele deixaria passar a chance de ter o alemão por lá para ficar com Villeneuve? Você deixaria o bicampeão da Fórmula Um para fazer uma aposta? Eu também não. Schumacher na Williams venceria em 96 e 97. Mas e a Ferrari com o brasileiro? Talvez ganhasse em 98 ou 99, se insistisse muito em se manter por lá. E poderia ter deixado Rubinho em seu lugar. Então Senna teria o título de 95 e talvez 98 e 99. Provavelmente tetra, talvez hexa. Sendo o tetra o mais provável.

Parece algo forçado, mas havia interesse da Ferrari nele já em 96. Irvine foi contratado por pressão dos patrocinadores. Rubinho deu margem para Felipe Massa ficar por lá. Por que Senna não poderia fazer isso? O próprio Irvine sabe que foi um piloto inferior ao Barrichelo. E quase venceu em 99, quando o Alemão quebrou as pernas em um acidente. Rubinho, ou Senna, provavelmente venceria se estivessem por lá. E até quando o alemão ficaria na Williams? Difícil saber, mas provavelmente o tempo que quisesse. A Ferrari acabaria o contratando em algum momento. Mas Rubinho não seria tão clarament segundo piloto. Talvez vencesse já em 99, ou até 98. Tudo dependendo de até quando Senna quisesse correr. No fim das contas, os grandes vencedores dessa história seriam Barrichelo e Schumacher. Ele teria carros melhores por mais tempo e o grande rival que lhe faltou em grande parte da carreira. Prost e Senna saíram cedo em sua carreira, Alonso veio tarde e Hakkinen não era tão bom assim. 

E Rubinho não teria tanta pressão quanto teve. Sem a grande pressão de ser o melhor brasileiro provavelmente teria uma carreira muito melhor, não teria tantas piadas com ele e poderia ter sido campeão uma vez ao menos. E não chegaríamos a ter dois anos sem pilotos na Fórmula 1, como é o caso em 2019. Um atleta com tantos fãs ainda lembrando como o maior esportistas do Brasil produziria mais fãs, o que aumentaria o interesse e investimentos em novos pilotos.

Mas isso não responde a pergunta: Senna ou Schumacher, quem foi melhor?

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