Por que Rivaldo é o Melhor do Mundo brasileiro menos querido?

Rivaldo foi melhor do mundo em 99 vencendo "apenas" a Liga Espanhola contra Beckham, campeão da tríplice coroa . Na época não era sem sentido um jogador ser eleito o melhor do mundo mesmo sendo eliminado nas oitavas de final da Liga dos Campeões. Parecia lento, mas corria bem.  Provavelmente essa impressão é pela sua altura de 1,86 fazer ele demorar um pouco mais para ter velocidade, porém era muito bom ver suas arrancadas.  Bom driblador e com muitos chutes de longa distancia . Gols e jogadas de vários tipos, o que mostra sua grande versatilidade. 937 jogos e 493 gols na carreira, o que é muito para um meia. Ponto fraco: dificilmente passava de primeira, o que atrasava contra-ataques. O seu melhor jogo no ano foi pela seleção num amistoso em setembro, quando fez três gols contra a Argentina, em um 4 a 2 em Porto Alegre. O quarto gol foi uma assistência sua, que ainda teve um gol anulado incorretamente. Também foi artilheiro da Copa América. Como pode ver, não foi à toa que Rivaldo ganhou o prêmio de melhor do mundo naquele ano, mesmo com Beckham vencendo tudo com o Manchester United naquele ano.

Rivaldo se destacou no Santa Cruz na Copinha (Copa São Paulo de futebol júnior) em 92. Porém já era profissional em 90, quando foi campeão pernambucano, inclusive fazendo gol. Em 92 foi para o Mogi Mirim, que teve um time que fez muito sucesso, o Carrossel Caipira. Em 93 fez um gol famoso, de antes do meio de campo e foi contratado por empréstimo para o Corinthians, apesar de não ser visto como o craque do Mogi Mirim. Foi eleito para a seleção da Bola de Prata em 93, como segundo atacante. Porém, foi mal no Paulista de 94 e contratado pelo Palmeiras. Foi vice artilheiro do Brasileirão e Bola de Prata em 94, mas agora como meia atacante. Mas ainda viria mais sucesso para ele no Palmeiras, com o time dos cem gols. Nesse campeonato pôde mostrar todo seu repertório de jogadas, inclusive como um bom marcador.

Foi vendido por 21 milhões para a Deportivo La Coruña. Mas passou apenas um ano. Em 97, foi vendido para o Barcelona e teve a fase de mais destaque em sua vida. Entre os seis melhores do mundo de 98 à 2002 e eleito para a seleção da Copa do Mundo em 98 e 2002, sendo nessa segunda o terceiro melhor colocado e vice artilheiro. Artilheiro da Liga dos Campeões em 2000 e da Copa do Rei em 98, além de ter feito 136 gols em 230 jogos no clube. Mas esse sucesso todo fez com que houvesse a maior de suas polêmicas, por que não joga na seleção o mesmo que joga no Barcelona?

O primeiro ponto importante, ele jogava. Sua média de gols é muito parecida, com 37 gols em 74 jogos, um a cada dois. A média é acima de outros que tem grande nome na seleção, como Careca, que tem 0,46 de média e era um centroavante, ou seja, tinha fazer gols como objetivo máximo. Ronaldinho Gaúcho tem 0,34 de média  apesar de muitas vezes ter atuado como atacante. Rivaldo teve seu auge em uma espécie de entressafra. Romário jogava bem ainda, mas era polêmico e não convocado. Ronaldinho estava machucado e Ronaldinho Gaúcho era uma promessa que depois foi jogar na França, na época um país muito ignorado. As esperanças estavam todas em Rivaldo, o que menos dava entrevistas, o que o tornava mais ignorado e os outros grandes ídolos. Todos viam seus gols e grandes jogadas no Barcelona e apenas isso. Ninguém via seus erros. Hoje vemos em detalhes pela internet e TV a cabo as falhas dos jogadores na Europa, mas na época de Rivaldo não tínhamos acesso a isso. Então sua timidez, parecer ser melhor fora do Brasil e o excesso de pressão sobre ele fizeram com que fosse menos querido que os outros melhores do mundo. Kaká já não teve esses problemas, pois quando foi o melhor do mundo se esperava muito do Ronaldinho Gaúcho e também de Robinho, que nunca foi tudo aquilo que se esperava.

Nos anos 90 e meados de 2000 tivemos em grande parte um esquema rígido na seleção, o 4-2-2-2,  o que significava que Rivaldo teria que jogar como segundo atacante ou como meia atacante, mas ele não costumava se sair bem em posições tão rígidas. Teve problemas no Barcelona quando seu técnico o quis como ponta esquerda. Ele sempre teve muita movimentação e ficar na meia o deixava longe do gol e como segundo atacante ficava mais facilmente marcável e perdia o espaço para suas arrancadas, além de desperdiçar sua capacidade de marcação. Outra dificuldade, as grandes expectativas da seleção. Entre 94 e 2005 o Brasil era muito melhor que os outros times do mundo facilmente, então se esperava que ganhasse fácil, bonito, de modo eficiente e que ainda todos os jogadores participassem bem, o que é impossível.

Em 96 foi um dos acima de 23 nas Olimpíadas, quando errou um passe que fez os nigerianos fazerem gol na prorrogação.  Ficou um ano fora da seleção, voltando para copa das confederações em 97. Fez 3 gols na Copa 98, em 99 eleito o melhor na Copa América e artilheiro com 5 gols, junto com Ronaldo. Foi vice artilheiro das Eliminatórias de 2002. Na Copa de 2002 marcou em todos os jogos até as quartas e foi muito bem na final, tanto que era o favorito para ser o melhor do mundial. Poderia ter jogado mais na Seleção, mas ele foi para a Grécia, o que na época significava ostracismo. Sua carreira foi muito esticada, tanto que teve a chance de fazer um gol no mesmo jogo em que seu filho também fez um gol.

Resumindo. Rivaldo não é carismático pelo seu estilo de jogo não muito bonito e por ser tímido. Ronaldo, Ronaldinho e Romário sempre estiveram muito na televisão e jogaram em períodos parecidos. E nunca foram o único grande jogador da seleção como Rivaldo teve que ser por quase dois anos. Romário teve Bebeto e um pouco antes Careca e Muller. Ronaldo teve Romário, o Gaúcho teve o Fenômeno e Kaká. E Kaká teve Adriano e Robinho com quem dividir holofotes. 

Gols e jogos de Rivaldo na carreira

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