História do campeonato brasileiro. Como ele começou
O Campeonato Brasileiro teve até 2005 sempre uma fórmula
de disputa diferente. Apesar de termos pontos corridos desde 2003, em 2003 eram
24 times e 22 em 2004. Mas, e as competições que existiam antes do Brasileiro?
Campeonato Brasileiro de Seleções
A primeira competição envolvendo vários estados não foi
entre clubes, mas entre seleções estaduais. Todos os craques até a década de 60
participaram dessas seleções, sendo a do Rio de Janeiro a que mais vezes venceu
o campeonato. A vitória do Rio sobre São Paulo em 1931 foi considerada a
passagem do trono de melhor jogador brasileiro de Friedenreich para Leônidas. Acabou
por conta da Taça Brasil ter ficado muito mais interessante para o público.
Torneio Rio-São Paulo
A primeira disputa foi em 1933, e a segunda em 1950,
sendo anual até 1966. Disputado quase sempre por pontos corridos, mas em turno
único. Uma das exceções foi em 1962, onde a primeira fase seria estadual. Por
isso, o Santos preferiu fazer uma excursão, que rendia muito mais dinheiro.
Isso impediu o time de ganhar todos os campeonatos do ano, pois ganhou o
Paulista, o Nacional (Taça Brasil), Libertadores e Mundial. Apesar de ter muitos
clássicos nunca foi tão valorizado. O título não significou muito para o
Corinthians, que só teve esse título oficial entre os paulistas de 54 e 77. Ganhou
a edição de 1966, quando a preparação para a Copa do Mundo tirou as datas
disponíveis para fazer o desempate entre os quatro times com mais pontos, e o
título foi dividido entre quatro equipes. O santos também ganhou em 97, mas foi
considerado ainda estando em jejum, que só consideram acabado em 2002, quando
ganha o Brasileiro.
Taça Brasil
Criada em 1959, durou até 1968. 80 times diferentes
disputaram, e participavam todos os campeões estaduais, exceto no caso da
Guanabara, onde participava não o vencedor do campeonato carioca, mas o campeão
da taça Guanabara (a partir de 65) que na época era um campeonato separado. Por
conta dessa forma de classificação, o Corinthians e São Paulo nunca
participaram da competição. Os paulistas e cariocas entravam apenas na
semi-final e a competição era regionalizada até lá, com norte e nordeste se
enfrentando de um lado e sul e sudeste do outro. Isso facilitava muito as viagens,
em uma época em que viagens de avião eram muito mais caras as estradas piores e
carros menos confiáveis.
Mas como pode ser campeão brasileiro quem joga só quatro
partidas de um torneio"? Bem, para participar da Taça Brasil, era
necessário ter conquistado antes o campeonato estadual. O vencedor do Mundial
de Clubes, de 1980 a 2004, só fazia uma partida, e só por ser curto não é um
campeão do mundo? O Palmeiras campeão da segunda Taça Brasil em 1960 jogou só
quatro vezes (contra Fluminense e Fortaleza, na final), e foi para a
Libertadores-61. Não há como tirar o mérito de um vencedor que, na finalíssimo
fez um 8 x 2 – ainda a maior goleada em uma decisão brasileira.
Uma das importâncias da
Taça Brasil foi justamente o começo da valorização dos times fora do eixo
Rio-São Paulo, com as conquistas do Bahia (1959) e do Cruzeiro (1966) e com os
vice-campeonatos do Fortaleza (1960 e 1968), do próprio Bahia (1961 e 1963) e
do Náutico (1967). Os clubes do Rio e de São Paulo se enfrentaram nas finais em
apenas três oportunidades.
O clube que mais participou da Taça Brasil foi o Grêmio 9
dos 10 torneios. O maior aproveitamento de pontos foi do Santos (72%) e também
mais venceu partidas e teve a melhor média de gols (2,9),
Em 1967, a Taça Brasil começou a perder a força, com a
criação do Robertão. Em 1968, último ano da Taça Brasil, excesso de jogos e
desinteresse econômico e político por um torneio confuso por encerrar a
brilhante história da competição. O campeonato durou 14 meses! Começou em
agosto de 1968 e só terminou em outubro de 1969! O atraso também serviu para
não apontar os clubes brasileiros para a disputa da Libertadores de 1969. O
ápice da bagunça aconteceu no confronto entre Metropol de Criciúma x Botafogo.
Foram quatro jogos em cinco meses! Depois das partidas de ida e volta, confusão
para marcar o local da terceira partida decisiva. Quando marcado, o Metropol se
negou a atuar por falta de aletas. Novo jogo marcado para Marechal Hermes, no
Rio, quatro meses depois. Chuva encerrou a partida aos 13 do segundo tempo.
Nova data marcada. Metropol de novo não quis jogo. Novo W.O… Fogão classificado
e, depois, campeão com um timaço na última e esvaziada Taça Brasil, na decisão
contra o Fortaleza.
É comum a queixa. Como pode dois campeões nacionais em um
ano? O Flamengo ganhou dois estaduais em 1979. Deu tempo para jogar dois
torneios, deu Flamengo nos dois. Na Argentina, algumas vezes fato semelhante
aconteceu para reorganização dos campeonatos. Em 2000 são campeões mundiais
tanto o Corinthians, em janeiro, no primeiro interclubes organizado pela Fifa,
quanto o Boca, vencedor da Copa Toyota, em dezembro daquele ano. A unificação
dos torneios mundiais de clubes só ocorreria em 2005, com a conquista do São
Paulo, também no Japão. Desde então não se discute mais. São todos campeões
mundiais. E, em onze ocasiões teve campeão paulista duplo, e oito ocasiões
cariocas. Isso não impede o Botafogo ou Fluminense de serem tetra campeões, nem
impediu o tri do Flamengo de Zico.
Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão
O Rio São Paulo aumentou em 1967! Com mais 3 estados e
cinco times. Organizados pelas federações de São Paulo e Rio, deu ótima
bilheteria e a CBD, CBF da época, decidiu organizar a partir de 1968, com
clubes de mais dois estados. Os campeões e vice desse ano poderiam ter jogado a
Libertadores, mas não se interessaram, mesmo caso dos de 1969. Até 1976 a CBD
colocava os dados do Brasileiro junto com o Robertão, como se um fosse a
continuação de outro. A fórmula de disputa, todos contra todos em turno único,
passam quatro. Depois, um quadrangular final. Para a edição de 1971 do
Campeonato brasileiro, se trocou o quadrangular por um triangular e se
adicionou três times e um estado a mais.
A bilheteria do campeonato sempre foi superior a 17 mil,
tendo três edições com médias acima de 20 mil, o que coloca essas três entres
as cinco maiores de toda a história nacional. O Palmeiras foi o maior campeão
(duas vezes), o clube que mais pontos conquistou, o que mais venceu (41 jogos),
o melhor aproveitamento de pontos (67%), o melhor ataque (118 gols), o melhor
saldo de gols (45). João Havelange, que organizou a Taça Brasil, Roberto Gomes
Pedrosa e Campeonato Brasileiro sempre pensou em um como a continuação do
outro. E, diferentemente da Taça Brasil, essa competição acabou pelo excesso de interesse, não pela falta. Muitos clubes queriam participar, e a CDB queria agradar esses times. Tanto, que em 1979 o Campeonato Brasileiro, que naquele ano se chamou Copa Brasil, teve 94 clubes, porque alguns paulistas desistiram.
A maior parte dos historiadores do futebol (essa profissão existe, assim
como a faculdade do futebol) considera o Roberto Gomes Pedrosa como uma outra versão do Brasileirão, mas muitos pensam que a Taça Brasil seria uma outra
versão da Copa do Brasil, simplesmente por ser em mata-mata. Independentemente
disso, essas duas foram importantes para a época, e ajudaram a fazer o campeonato
que temos hoje.
Aqui pode ver como foi a década de 70.
E aqui a década de 80.
Aqui pode ver como foi a década de 70.
E aqui a década de 80.
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